segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

OS AMANTES



Então os dois tão só.
Então os dois tão a sós.
Nada saia de suas gargantas ... tantas coisas prá falar, tantas coisas para dizer... ali ...
Então os dois se escondiam.
Um passo por ali, outro aqui. Nunca estiveram ali.
Tudo novo. Menos os dois.
Ela ia à janela... olhava aquele mundo da fuga, e ele, mantinha o papel da de guarda-costas... o cheiro de seus cabelos eram como um calmante pra ele....
Deveria abraça-la?
Deveria virá-la e ficar frente a frente e ... olhar bem fundo daqueles olhos tão belos e misteriosos? O que seria dele se, se ela fosse dele, por alguns instantes? De quem seria a maior felicidade??
Ela seguia falando debruçada à janela.
Era bom tê-la ali. Ela era um universo de mistérios. Mas, era mulher.
Deixou a posição de guarda-costas e a fitou sem que ela notasse... percebia a marca da vida, das coisas, do mundo, mas era ela sim, de qualquer maneira, não era amor, mas, ela a queria... e muito!
Ela cheia de si, ainda atônita ante aquele mar e céu, ante aquele homem, já não sabia quem era ela.
Pretensiosamente não fazia parte dali.
Ela ia e vinha até a sacada, lado a lado, parecendo uma ordem, parecendo qualquer ação prá agir.
Ela não agiria.
Ele também não.
A sacada estreitou, mas, aquele céu e o mar era bastante para os dois.
Silencio. Dois corações. Duas almas.
Ela falava da vida.
Ele, falava da vida que não teve.
Ela falava de sonhos.
Ele planejava, mas, não conseguia ir além ... para ele, algo faltava, para ela.... Algo sobrava.
O ímpeto da tarde, sacudiu os dois...já era o cair da tarde ...que lindas cores...
Falar das vidas bastou para eles.
Silencio. Penumbra mágica, e ele volta na antiga posição de guarda-costas, segura em seus ombros, doce sensação, ele acharia ali um ombro firme, sem nada aparente.... Não! O seu toque naqueles ombros ele  pode perceber...e a sentiu!
Ele a percebeu tão pequena aquela mulher, tão simples tão original. Era ela. Apertou seus ombros, como se tivesse a certeza que era ela mesmo!
O rodopio veloz daqueles pezinhos confrontou ele e ela.
O rodopio de uma bailarina e os braços abraçaram cada corpo.
Abraços únicos, ainda assim, evitam os olhares... ele apertava contra seu corpo... espantou-se tanta curva ali naquele num corpo tão miúdo, tanta suavidade e percebeu que ela estava  na ponta dos pés para ele. Para alcança-lo, para tê-lo... para se entregar.
Face a face.
Olhar e olhar.
De repente, foi-se a penumbra.
Aquele imenso mar e céu dividiram a mesma cor.
O coração dele.
O frisson da vida para ambos voltara. A noite era testemunha ...
Não havia razão para não seguir, então, ele, tão sensível e determinado abraçou o miúdo rosto e a beijou.
Passeou pelo seu céu da boca.
Aspirou cada fragrância que o corpo dela exalava. Era ela sim.
Mais beijos.
Mais ele, mais ela.
Silencio. O que dizer? Não havia nem porque parar. E Ele, lembrou... “ um dia eu pegaria sua boca”.... E assim o foi.
Tão leve quanto o seu toque, foi a leveza de seu corpo, que ele carregou até a cama, até lá a história já era passado.
A beleza daquele dois, era de causar saudades aos menos afortunados.
Era de causar inveja aos menos descrentes,
Ele ávido por ela.
Ela, insaciável por ele.
Os corpos nus provaram isso.
Nada mais importava ali.
Nada,
E, assim seguiram, por muito tempo, por longo tempo, sem promessas, sem juras, ela se rendia passivamente e ele, saciado amava mais. Cada vez mais.
Ao fim.
Tanto cansaço, ela adormeceu ouvindo as batidas do coração do amante, e ele, cansado, mirava o teto, e ali, observava o filme de sua vida, o filme dele e dela, seus olhos iam e viam a todo instante.
As suas largas mãos, acariciavam os cabelos dela, queria que todo perfume dela fixasse nele, que ficasse para sempre. E assim foi ...
O teto terminou a última seção de sua vida – como um filme – e por fim, ele cerra os olhos e adormece.
Ela não se mexe. Sabe decifrar as batidas do coração de qualquer coração... qualquer um .... Aquele coração estava vivo, apreensivo e talvez, apaixonado, ela soube que aquele coração pulsou por ela, escolheu ela...não era hora para prazos... as batidas daquele coração só diziam que ela o havia feito feliz ...
O silêncio trouxe a melodia tão singela dos amantes, lá fora ao longe, ela podia ouvir as ondas quebrando na praia…nas pedras .... Sentia a brisa balançando naquelas cortinas brancas...lembrava que a sacada agora estava vazia e som daquele coração ...
Ela levanta e agradece ao Universo ter sido amada.
Retorna ao leito, nua e silenciosa, e ele, novamente abraça o seu rosto e a faz mulher outra vez, e ela sorri ouvindo novamente o seu coração e olhando em seus olhos, para sempre ou enquanto durar a noite.
“Fica comigo”- ele diz...
Ela sorri e o abraça.
Mônica



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