Então os dois tão só.
Então os dois tão a
sós.
Nada saia de suas
gargantas ... tantas coisas prá falar, tantas coisas para dizer... ali ...
Então os dois se
escondiam.
Um passo por ali,
outro aqui. Nunca estiveram ali.
Tudo novo. Menos os dois.
Ela ia à janela...
olhava aquele mundo da fuga, e ele, mantinha o papel da de guarda-costas... o
cheiro de seus cabelos eram como um calmante pra ele....
Deveria abraça-la?
Deveria virá-la e
ficar frente a frente e ... olhar bem fundo daqueles olhos tão belos e
misteriosos? O que seria dele se, se ela fosse dele, por alguns instantes? De
quem seria a maior felicidade??
Ela seguia falando
debruçada à janela.
Era bom tê-la ali. Ela
era um universo de mistérios. Mas, era mulher.
Deixou a posição de
guarda-costas e a fitou sem que ela notasse... percebia a marca da vida, das
coisas, do mundo, mas era ela sim, de qualquer maneira, não era amor, mas, ela
a queria... e muito!
Ela cheia de si, ainda
atônita ante aquele mar e céu, ante aquele homem, já não sabia quem era ela.
Pretensiosamente não
fazia parte dali.
Ela ia e vinha até a
sacada, lado a lado, parecendo uma ordem, parecendo qualquer ação prá agir.
Ela não agiria.
Ele também não.
A sacada estreitou,
mas, aquele céu e o mar era bastante para os dois.
Silencio. Dois
corações. Duas almas.
Ela falava da vida.
Ele, falava da vida
que não teve.
Ela falava de sonhos.
Ele planejava, mas,
não conseguia ir além ... para ele, algo faltava, para ela.... Algo sobrava.
O ímpeto da tarde,
sacudiu os dois...já era o cair da tarde ...que lindas cores...
Falar das vidas bastou
para eles.
Silencio. Penumbra
mágica, e ele volta na antiga posição de guarda-costas, segura em seus ombros,
doce sensação, ele acharia ali um ombro firme, sem nada aparente.... Não! O seu
toque naqueles ombros ele pode perceber...e
a sentiu!
Ele a percebeu tão
pequena aquela mulher, tão simples tão original. Era ela. Apertou seus ombros,
como se tivesse a certeza que era ela mesmo!
O rodopio veloz
daqueles pezinhos confrontou ele e ela.
O rodopio de uma
bailarina e os braços abraçaram cada corpo.
Abraços únicos, ainda
assim, evitam os olhares... ele apertava contra seu corpo... espantou-se tanta
curva ali naquele num corpo tão miúdo, tanta suavidade e percebeu que ela estava na ponta dos pés para ele. Para alcança-lo,
para tê-lo... para se entregar.
Face a face.
Olhar e olhar.
De repente, foi-se a penumbra.
Aquele imenso mar e céu
dividiram a mesma cor.
O coração dele.
O frisson da vida para
ambos voltara. A noite era testemunha ...
Não havia razão para
não seguir, então, ele, tão sensível e determinado abraçou o miúdo rosto e a
beijou.
Passeou pelo seu céu
da boca.
Aspirou cada fragrância
que o corpo dela exalava. Era ela sim.
Mais beijos.
Mais ele, mais ela.
Silencio. O que dizer?
Não havia nem porque parar. E Ele, lembrou... “ um dia eu pegaria sua boca”....
E assim o foi.
Tão leve quanto o seu
toque, foi a leveza de seu corpo, que ele carregou até a cama, até lá a história
já era passado.
A beleza daquele dois,
era de causar saudades aos menos afortunados.
Era de causar inveja
aos menos descrentes,
Ele ávido por ela.
Ela, insaciável por
ele.
Os corpos nus provaram
isso.
Nada mais importava
ali.
Nada,
E, assim seguiram, por
muito tempo, por longo tempo, sem promessas, sem juras, ela se rendia passivamente
e ele, saciado amava mais. Cada vez mais.
Ao fim.
Tanto cansaço, ela
adormeceu ouvindo as batidas do coração do amante, e ele, cansado, mirava o
teto, e ali, observava o filme de sua vida, o filme dele e dela, seus olhos iam
e viam a todo instante.
As suas largas mãos,
acariciavam os cabelos dela, queria que todo perfume dela fixasse nele, que
ficasse para sempre. E assim foi ...
O teto terminou a última
seção de sua vida – como um filme – e por fim, ele cerra os olhos e adormece.
Ela não se mexe. Sabe
decifrar as batidas do coração de qualquer coração... qualquer um .... Aquele
coração estava vivo, apreensivo e talvez, apaixonado, ela soube que aquele
coração pulsou por ela, escolheu ela...não era hora para prazos... as batidas daquele
coração só diziam que ela o havia feito feliz ...
O silêncio trouxe a
melodia tão singela dos amantes, lá fora ao longe, ela podia ouvir as ondas
quebrando na praia…nas pedras .... Sentia a brisa balançando naquelas cortinas
brancas...lembrava que a sacada agora estava vazia e som daquele coração ...
Ela levanta e agradece
ao Universo ter sido amada.
Retorna ao leito, nua
e silenciosa, e ele, novamente abraça o seu rosto e a faz mulher outra vez, e
ela sorri ouvindo novamente o seu coração e olhando em seus olhos, para sempre
ou enquanto durar a noite.
“Fica comigo”- ele
diz...
Ela sorri e o abraça.
Mônica