Aquela noite talvez seria a última. Ou não. O que importava mesmo é que naquela noite quente de verão, eles estariam juntos sem saber do amanhã. Nada importava enquanto o tempo passava, enquanto as estrelas caiam e logo logo seria o amanhã.
Entre abraços, olhares ela insistia em ir com ele. Ele por várias vezes justificava que não poderia protegê-la por lugares nunca antes idos... e ela, com seus olhos negros e firmes, afirmava que não era proteção que buscava, e sim, a ele. Ela conseguia fazê-lo ficar mudo, e ele, a conseguia ter forças, ficar grande e combatente. Isso era sua essência, ela sabia o que ele havia ressuscitado nela. Era mulher. Mulher guerreira com espada na mão era perigo, era audaciosa, era coisa de homem. Ele não a via assim. Ele de fato sabia que não precisava protegê-la, ele só a queria ao seu lado... pra qualquer canto do mundo. Pra qualquer lado do oceano, mas, ele não poderia levá-la. Seu coração sabia disso. Tentava enganá-la. Impossível. Ela não se aquietava, e segurou seu amado durante toda a noite como rocha...
A Tenda era calma. Não era um ninho de amor, mas, para ambos, era o luxo já prometido e satisfatório. Estar a sós já era um triunfo em meio aos dias de guerras e sangue, de gritos, de incêndios e mortes. Recolher corpos era uma costume, chorar pela perda de um soldado já era rotina, portanto, estar a sós era sim um Presente dos Deuses. Ela agradecia. Ela orava. Ela estava feliz, a apertou seu amado segura que ele não sairia de seus braços longos, suaves e perfumados. Enquanto isso, ele fitava o teto da tenda, e via a lona movimentar pelo vento lá fora. Ouvia os homens lá fora bebendo, rindo, o estalar dos caixotes e barris sendo amontados em carroças para dia seguinte: iriam partir. Poderia ouvir também alguns homens rezando em algum canto da parede da tenda, ouvia os cavalos ciscando o chão procurando calma , poderia também sentir o odor da bebida lá fora. Esses homens bebiam sempre. Por qualquer motivo. Quase saiu pra estar com eles, preferiu ficar. E assim o fez, hipnotizado pelo balançar do teto da tenda, adormeceu.
Subitamente abriu os olhos, e ao seu lado a cama estava vazia. Agarrou o vazio com suas mãos e entre os dedos os anéis apertavam o vão . Suas mãos nunca segurara algo tão forte algo assim. Soltou os lençóis e aqueles anéis de pratas entre os dedos mais femininos que há constatou:ele se fora. Olhou pro teto, vasculhou por toda tenda temendo ser precipitada, mas, seu instinto a fez parar de respirar, tinha esperança ainda de vê-lo por ali, de senti-lo por ai. Não estava. Ele partira. De seus olhos não caíram lágrimas, sua boca estava cerrada, seus lábios carnudos traduziam um misto de raiva e saudade antecipada, de medo, de dor. Sentou-se, acomodou-se em uma das almofadas, não iria abraçar nada que lembrasse ele, e vestiu uma túnica azul celeste, vestiu o couro da espada em forma de cruz e acomodou a espada nas costas, desembainhou a espada: mirou ali seus olhos... e decidiu: partir. E foi. Sua espada desenhava seus seios, seus cabelos longos e revoltos ainda condenavam que na noite anterior fora acariciada, seus brincos longos, de alpaca azul e sua pele tudo nela lembrava ele. Arrancou a porta de pano da tenda, todo acampamento estava vazio ... só Brisa estava por lá... Só Brisa... montou e segurou sua crina e a égua já sabia por onde começar e e foi... ao passo , mirou seus pés... estava descalça, isso prá um guerreiro é " tudo ou nada" estava livre, pra onde quer que fosse, estava livre.... Brisa tomou o rumo, estava indo atrás de uma presa.
A moça seguia com muito vigor até o mar. Lá ele estaria. Precisa e mais rápida que o sol.... Mas Brisa sentia o palpitar de sua amiga em cada curva da floresta...
Em meio a orla, O belo Pirata carregava suas caravelas ..havia esquecido de fatos quantas eram ...uma, duas... não se lembrava bem, estava meio sisudo, meio apático, não havia pressa nos carregamentos, mas também não havia morosidade, vez ou outra olhava o horizonte, atreveu-se a vigiar ao longe com sua luneta ... não viu. Os homens ente si pouco se falavam, sabiam que seu Capitão não estava empolgado, " talvez o medo de morrer, essa jornada seria muito diferente" - resmungavam ente sim, o Capitão sequer ralhou com um dos marujos que já bebia..." homem bêbado é um homem desprevenido" - chutou um caixote e afastou o velho bêbado do caminho. Capitão começou a dar sinais de que nada importava. Recusava a falar consigo mesmo, mas, estava arrependido ... o carregamento seguia de maneira fúnebre, ora ordeira, ora não, mas, seguia....
Seguia a égua em sua velocidade mais impossível, a moça e o animal era um ser só, estavam em busca do mesmo, enquanto a moça arfava pelo temor em perder, o animal ciscava a cada curva perigosa. Em sua mente nada passava. Seus olhos viraram um barco, lágrimas caiam sem piedade atrapalhando a visão, mas a égua seria seu prumo, ela precisava de mais, precisava dele...portanto, desistir jamais.
Ao longe o Capitão insistia o oposto: não precisava de mais nada. Era hora de partir, alguém atreveu em perguntar se a moça iria embarcar ...naquele velho marujo ele viu os olhos de Deus e e reconheceu o erro e disse um não embargado. O velho marujo, retirou o chapéu sujo da cabeça, coçou o ralo cabelo, mirou o mar numa mesma direção do Capitão e lamentou o não, lembrando que o tempo não voltaria....que ela deveria embarcar não no navio, mas, nele também. Respeitosamente abaixou sua cabeça envelhecida, colocou o chapéu e subiu a proa com seu corpo de idade avançada e recolhendo as cordas mirou pela ultima vez seu Capitão e viu o homem mais triste e indeciso... mas, era preciso seguir...
Cada árvore cada poeira da estrada era mesmo o fim de mundo. Ela e Brisa conheciam o caminho, mas, de repente tudo ficou distante ...longo, talvez seria melhor desistir....prá que seguir? ainda sentia o corpo dele em seu, o cheiro e a força da vida...o vento não levaria aquele cheiro...cada trotar da égua era mesmo um passo ao futuro ou ao fracasso, seguia, com lágrimas aos olhos embebecida pela tristeza da partida .... sim, ao menos o adeus ela merecia... sim ....
O forte do homem velho dava ordem em partir. O céu nublado era um mau pressagio... era como um pedido do mar e da terra não se separarem, ainda assim, o Capitão não mudou de ideia, e novamente o grito de ordem, da voz idosa do homem colocou cada homem em seu posto em cada caravela....um frenesi tomou conta de cada homem, e na caravela principal, lá estava o homem que decidia o destino de cada homem , inclusive o dele. Subiu na proa, agarrou o mastro tão forte quando a moça agarrou os lençóis naquela manhã. Estava partindo, de costas pra terra, firmemente olhando o mar, lá iam caravelas iam, seguindo mar adentro... não era possível voltar.
Finalmente Brisa trouxe sua amiga ao seu destino. A égua descia aqueles rochedos com destreza e rapidez, a Linda Morena via as caravelas já quase em alto mar. Pediu prá égua parar. Ambas estavam cansadas, mas, era melhor desistir. A moça olhou para o céu, nublado, mar revolto, era um mau sinal... melhor mesmo não seguir.... " eu te liberto" -disse prá si em lágrimas, e o quadro daquela vida era o céu.... Capitão de costas pra terra, negando ver a silhueta da moça, ergueu a cabeça e friamente engoliu seu choro e desembainhando a espada pediu velocidade às caravelas, não por pressa, e sim, por fuga...sabia que uma Guerreira seria capaz de tudo.....
Entre rochedos, e as ondas do mar, a moça e a égua se abraçavam e aprenderam que ser Guerreira não é lutar, e sim, é não guerrear com seu semelhante ... ela também teria partido sem ele, concluiu... Coisas de almas, coisas de luta, coisas de guerreiros... e dali, ela o via desaparecendo até firmar um ponto na virada do mar ... sem se importar com nada, montou em sua égua e tranquilamente voltaram pra suas vidas, mansas e em paz ....
Seguia a égua em sua velocidade mais impossível, a moça e o animal era um ser só, estavam em busca do mesmo, enquanto a moça arfava pelo temor em perder, o animal ciscava a cada curva perigosa. Em sua mente nada passava. Seus olhos viraram um barco, lágrimas caiam sem piedade atrapalhando a visão, mas a égua seria seu prumo, ela precisava de mais, precisava dele...portanto, desistir jamais.
Ao longe o Capitão insistia o oposto: não precisava de mais nada. Era hora de partir, alguém atreveu em perguntar se a moça iria embarcar ...naquele velho marujo ele viu os olhos de Deus e e reconheceu o erro e disse um não embargado. O velho marujo, retirou o chapéu sujo da cabeça, coçou o ralo cabelo, mirou o mar numa mesma direção do Capitão e lamentou o não, lembrando que o tempo não voltaria....que ela deveria embarcar não no navio, mas, nele também. Respeitosamente abaixou sua cabeça envelhecida, colocou o chapéu e subiu a proa com seu corpo de idade avançada e recolhendo as cordas mirou pela ultima vez seu Capitão e viu o homem mais triste e indeciso... mas, era preciso seguir...
Cada árvore cada poeira da estrada era mesmo o fim de mundo. Ela e Brisa conheciam o caminho, mas, de repente tudo ficou distante ...longo, talvez seria melhor desistir....prá que seguir? ainda sentia o corpo dele em seu, o cheiro e a força da vida...o vento não levaria aquele cheiro...cada trotar da égua era mesmo um passo ao futuro ou ao fracasso, seguia, com lágrimas aos olhos embebecida pela tristeza da partida .... sim, ao menos o adeus ela merecia... sim ....
O forte do homem velho dava ordem em partir. O céu nublado era um mau pressagio... era como um pedido do mar e da terra não se separarem, ainda assim, o Capitão não mudou de ideia, e novamente o grito de ordem, da voz idosa do homem colocou cada homem em seu posto em cada caravela....um frenesi tomou conta de cada homem, e na caravela principal, lá estava o homem que decidia o destino de cada homem , inclusive o dele. Subiu na proa, agarrou o mastro tão forte quando a moça agarrou os lençóis naquela manhã. Estava partindo, de costas pra terra, firmemente olhando o mar, lá iam caravelas iam, seguindo mar adentro... não era possível voltar.
Finalmente Brisa trouxe sua amiga ao seu destino. A égua descia aqueles rochedos com destreza e rapidez, a Linda Morena via as caravelas já quase em alto mar. Pediu prá égua parar. Ambas estavam cansadas, mas, era melhor desistir. A moça olhou para o céu, nublado, mar revolto, era um mau sinal... melhor mesmo não seguir.... " eu te liberto" -disse prá si em lágrimas, e o quadro daquela vida era o céu.... Capitão de costas pra terra, negando ver a silhueta da moça, ergueu a cabeça e friamente engoliu seu choro e desembainhando a espada pediu velocidade às caravelas, não por pressa, e sim, por fuga...sabia que uma Guerreira seria capaz de tudo.....
Entre rochedos, e as ondas do mar, a moça e a égua se abraçavam e aprenderam que ser Guerreira não é lutar, e sim, é não guerrear com seu semelhante ... ela também teria partido sem ele, concluiu... Coisas de almas, coisas de luta, coisas de guerreiros... e dali, ela o via desaparecendo até firmar um ponto na virada do mar ... sem se importar com nada, montou em sua égua e tranquilamente voltaram pra suas vidas, mansas e em paz ....

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