Era natural pra ele , levantar seu braço forte açoitar, esfaquear a qualquer um a sua frente quando contrariado.
Sabia que era a lei, por onde fosse.
Sua palavra era única, e jamais voltara atrás ante uma decisão. Sabia da pobreza, conhecia a fome, calava frente a um riso de uma criança...mas, era implacável quando furioso.
Seus olhos eram de impressionar ao homem, a mulher, ao velho... ao cão... sua estatura era comum, mas, algo incomum havia naquele homem. Não era seu caminhar lento e passo largo, não eram seus ombros largos, não era sua postura quando o chamavam ... era um mistério.
Líder por natureza ... nunca, ninguém o vira chorar ... sua voz Ah! essa ia do grave ao cochicho ... ninguém sabia de sua origem.
Era raro vê-lo em uma monta de qualquer bicho. Preferia sempre andar. Circulava entre os seus, e passava sempre despercebido, quando, o repentino tocava eis que ele fazia presente... sua respiração....
Em dias de frio, usava aquela manto feito de animal... manto suave,limpo, não acolhia os braços, mas, por causa disso, ele parece que dobrava de tamanho, em suas pernas ele sempre usava as sandálias de couro e as tiras grossas, quase chegavam às suas coxas. Todos percebiam as cicatrizes perto do peito, mas, ninguém sabia o tamanho e nem como se machucara, mas, o "grande homem" um dia fora ferido....não derrotado.
Era procurado por todos. Ele ouvia a todos. Todos sempre o convidavam a vir à mesa. Ele nunca foi. Nunca fora visto em bando... alias, ninguém sabia se ele tinha ou não amigos....as pessoas achavam que ele era suficiente demais pra ter amigos... e depois... aquele olhar... aquele olhar dava medo ... vai ver que ele tenha nascido pra viver só ... tão só.
Mas, um dia.... o Grande Homem barrava próximo a um rio. Talvez estivesse banhando-se ou, inspecionando...não se sabe, mas, contam, que ele mesmo de pé, juntava seus braços à cabeça e chorava... ele procurara um canto bem escondido... mas chorava ... dizem que urrava até... o galho de nosso espião quebrou e este veio cair ao chão, e nosso Grande Homem como uma rapidez de uma flecha, vira seu rosto e avistara o pequeno espião. O pequeno menino, encolhe num buraco usando suas pequeninas mãos como escudo temendo o pior ...Afinal ...estava ao Grande Homem.
Os olhos de ambos cruzaram, fitaram .... da face da pequena criança riscavam gotas de suor, e do Homem somente lágrimas que secavam ante a descoberta do pequeno menino. O olhar entre eles fez parar todo matagal.... de repente o ar parou de circular, nenhum galho se movera... ouvia de longe, o barulho manso do correr do rio...e para tanto, o Homem seguia ao encontro da criança.O pequeno menino imitou o homem. Levantou, juntou os punhos e saiu do buraco ... " não tenho nada a perder" -pensou o pequeno flagelo ... de longe, o Grande Homem percebia as vestes da criança... tão humilde, tão frágil ....ele tinha todo tempo do mundo em saber o que fazer com ele ..." espionando-me? porque? a mando de quem??" ele ora enfurecia, ora acalmava ...ora desprezava....Ele nao sabia o que exatamente iria fazer com a pequena a criança....e a criança... olhava aos céus e matas e nao rezava e nem se lamentava: iria morrer.
Então os dois estavam ali, frente a a frente. O pequeno pode perceber que ele de fato era muito grande, seus pés, os músculos.... suas pernas eram como toras... os braços daquele homem poderiam facilmente quebrá-lo em dois... mas, a criança mirava o olhar de fúria do homem ... sim, ele era um homem muito forte.... mas, aquele olhar... aquele olhar o deixara paralisado .... Se preparou pro pior.
Sua voz saiu como um miado de um gatinho....."....desculpa moço... eu só...." e seguiu olhando os olhos dele ... " o que fazes por aqui?? quem o mandou?? o que queres?" já agarrando o braço esquelético da criança... " nada....nada mesmo...eu te vi, ali , nunca te vi chorando, eu nao vou contar prá ninguém... juro - juntou as pequenas mãos implorando e jurando pela sua miserável vida -não vou..." - " contar o que? que me viu chorando? contar que sinto dor? contar que tenho saudades? contar que a solidão doí??? isso??? ahahhahah! imbecil!!!!" - a pobre criança, franziu o cenho e disse: " oh! eu nao sou imbecil! ninguém me trouxe aqui, ninguém me pediu pra segui-lo .... eu o vi, e fiquei curioso... e não sou imbecil.... estendeu os braços e determinou ....mate-me então!!!"
O homem duvidou daquele ato. Empurrou a criança, nao querendo machucá-la , viu a ali ele pequeno um dia... ajoelhou ante a criança, pra nivelar aquela guerra de olhares e disse: " Não, você não é imbecil...um tolo talvez... mas, venho aqui, e agora você sabe, todas as vezes que me sinto só... uma luta terrível entre sair do mundo dos mortais e viver a minha jornada... Não há nada que me faça chorar tanto estar neste mundo e ser desenganado por outro... Obra de quem? Me resigno quando percebo que essa é minha sina ... choro , porque minha hora passou....aliás, ela jamais chegará ... entenda...Nada me prende. Nada me solta .... tive um lar, fui feliz... e meus filhos e minha amada, não me reconhecem mais...Esta é minha condição.... ser o Guardião desta aldeia.... e aparência desfigurada é o que me mantem forte, em pé... minha cidadela. Você nao vai dizer jamais que me viu chorando ... e se assim o fizer... foi por saudades.... agora... anda ... "- empurrou o pequeno espião .... Nosso espião deu as costas ... nao andou, pode sentir que o Grande Homem estava às suas costas, não conteve e disse " também venho aqui prá chorar ... não sempre.... por que você nunca me reconheceu....não fiz de propósito - Pai" - A criança deu as costas, e lágrimas caíram do seu frágil rosto ... E o homem viu o caminhar daquela criança e confuso, ajoelhou e mais uma vez chorou:por vergonha, pelo seu egoísmo...ao levantar sua cabeça percebera que a pequena criança desaparecera... mas, não seria difícil encontrá-la... alias, ele nada mais sabia... Subitamente, Velho Antero em seus passos trôpegos agarrou em um dos braços do Homem e tomaram a trilha oposta.... o Velho agora teria muita coisa pra contar. Retirou do bolso de sua calaça surrada um lenço e um pedaço de " fulô" pro moço ... e foram ... por ali, entre o rio e o campo de "fulô" e se ouvia de longe a voz do velho " eh eh eh! moço frondoso si isqueceu eu tem vida aqui fio!??? eh eh eh bora pro meu casuá....o véio tem um café e um pito ... aruma essa cara de bobo...o Pai Oxalá agraçou vossa vida meu Fio..." O homem seguia o véio seguro e feliz... mas, com medo .....

Nenhum comentário:
Postar um comentário